O quadro de restrição de oferta e demanda ainda muito forte, apesar dos soluços pontuais, continua sustentando os preços em patamares bastante elevados e que se estende tanto para o farelo, quanto para o óleo, tanto nos mercado internacional, quanto interno. No entanto, como explica o pesquisador Lucílio Alves, do Cepea, as altas para o mercado brasileiro não acontecem na mesma proporção do registrado no mercado norte-americano.
“Vimos para o farelo, por aqui também temos altas superiores a 40%, mas o óleo de soja está de 100% a 110% mais alto no Brasil, mas não 150% como no mercado americano. E para a soja grão, enquanto lá aumentou 86% em um ano, aqui temos uma valorização ao redor de 70%, um pouco mais, a depender da região”, diz Alves. “E isso porque temos prêmios negativos”, complementa.
E parte disso, ainda segundo o pesquisador, se dá pela demanda forte pela soja brasileira. Além do recorde mensal registrado em abril, as exportações no primeiro quadrimestre de 2021 também foram recordes para o período – 33,6 milhões de toneladas – e maiores do que no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 31,6 milhões.
E para as altas do óleo de soja brasileiro mais contidas do que as do americano, parte se dá também pela exportação do derivado brasileiro que não é tão forte quanto a dos EUA, além de uma demanda interna também mais contida agora em função da redução da mistura do biodiesel – de 13% para 10% – já que este é um setor do complexo soja que vinha demandando muito óleo.
Mais do que isso, Alves afirmou também que caso esta redução continue, o esmagamento poderia vir a ser menor no país, podendo impactar também nas cotações do farelo de soja. E este mercado ainda conta com as influências do mercado argentino, já que o país é o maior processador e exportador mundial de farelo de soja.
Assim, neste momento as atenções estão muito voltadas para as condições e o desenvolvimento da nova safra americana, que não tem espaço para qualquer perdas ou problemas mais severos, ou os preços poderiam continuar testando patamares ainda mais elevados para refletir relações ainda mais baixas de estoques e consumo, as quais já são muito apertadas.
“O mercado ainda está firme, vemos preços FOB Paranaguá ainda na casa de US$ 33,00 a US$ 34,00 até agosto setembro. E para o primeiro trimestre de 2022 de US$ 30,00, nesse nível já sinaliza uma queda de 10%, em dólares, mas vai se ajustando ao longo do tempo. E neste ambiente, conta também o câmbio, como estará o dólar para o ano que vem”, diz o pesquisador.
E mesmo com as altas dos custos de produção, principalmente nos últimos seis meses, a rentabilidade do produtor seguirá positiva e registrando margens ainda muito interessantes.
Neste momento, novos negócios continuam se mostrando bem limitados no mercado brasileiro.
“Os produtores não sinalizam interesse de venda e novas vendas estão postergando para vender até onde vai, especialmente pelas recuperações recentes. Estamos agora com o maior nível histórico nominal já observado no Brasil, com níveis entre R$ 170,00 e R$ 175,00 de preços médios mensais e com tendência altista. Então, claramente, o produtor tende a postergar”, diz.
Por Notícias Agrícolas
Foto por Pixabay
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